SUGESTÃO DE PRESENTE - https://bit.ly/2VaaG3K
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sábado, 30 de julho de 2022
Sussurro ao telefone
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segunda-feira, 15 de outubro de 2018
O dia em que matei a professora dentro de mim
Comecei a trabalhar aos 14 anos. Em razão disso, minha
aposentadoria também foi cedo. Então, ainda em pleno vigor intelectual, resolvi
compartilhar o conhecimento acumulado participando do universo acadêmico. E não
demorou muito e fui convidada a lecionar em uma universidade. A primeira turma
foi o último semestre de alunos de um curso de marketing. Ao comparar a minha
experiência com o grupo foi de susto. Minha didática era diferenciada. Era personalizada.
Um dia solicitei a um aluno que fosse a biblioteca e trouxesse determinado
livro. A resposta dele, de pronto: “professora, onde fica a biblioteca?”.
Último ano. Último semestre. Certamente pegaria o diploma dali a seis meses e
não sabia onde ficava a biblioteca na universidade. Pensei: este profissional
está morto e não sabe.
Minha ação foi mergulhar em
novos formatos e metodologia. Foi nesse momento que eu matei a professora que
existia em mim. Queria ensinar e acabei aprendendo. Não, não cometi suicídio.
Deixei de ser professora e tornei-me E-de-A (Estimuladora-de-Aprendizagem). Exterminei –
simbolicamente – meus alunos e os transformei em aprendizes. Lembrei-me de
Paulo Freire e pensei: também se alfabetiza na universidade. A relação mudou. A
partir de então deliberadamente deixei de dar respostas e nem respondia
qualquer dúvida, qualquer que fosse. Nem mesmo a indicação de um banheiro. A
cada questionamento eu retribuía com outras perguntas. Instigava-os. A cada
nova pergunta mais perguntas eu devolvia. E a biblioteca começou a ser frequentada.
As aulas passaram a ser ministradas neste local. Virou ponto de encontro. As
bibliotecárias constantemente me chamavam a atenção. Afinal, biblioteca não era
sala de aula. Mas o comportamento da classe foi se modificando. Se no inicio
tinham dois ou três frequentadores, ao final a turma toda comparecia. As aulas
eram numa sexta-feira à noite. Ao redor da universidade dezenas de bares,
festas, encontros, carros e quetais. Tinha todo tipo de atração.
Ao final do semestre os
aprendizes passaram a me chamar pelo nome de um personagem de desenho animado
que eu desconheço até hoje, por responder perguntas com outras perguntas. Mas, a
propósito deste dia 15 de outubro, aprendi que as respostas ‘matam’ a cognição
e as perguntas ‘avivam’. Salvei algumas pessoas da morte. Agora eu vivo um
dilema: transformar em livro esta abordagem conceitual e prática. O título está
pronto: MORTE AOS PROFESSORES. Sorry friends!
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